O universo na palma da mão

quinta-feira, 23 de abril de 2015



Peter não queria que seu amigo soubesse que ele estava com medo de andar no escuro, então caminhou na frente. Já havia aprendido que garotos mais velhos não tinham medo (até dormiam com a luz apagada). E ele não era mais uma criança.

A colina era uma subida breve, mas à noite parecia uma tarefa hercúlea. Seus pequenos pulmões queimavam com o esforço de tentar sobrepor a velocidade das longas passadas de Simon, com cinco anos de vantagem nos músculos. Peter quase tinha que correr. Podia ouvir a respiração do amigo logo atrás de si, exalando excitação a cada metro percorrido.

Algo fez barulho na mata, arrancando um abafado grito de susto de Peter, seguido de uma risada de Simon. Aquilo o deixou extremamente irritado.

― Tem certeza que não quer voltar Pete? ― Disse o amigo em tom de deboche.

― Não! ―Respondeu o pequeno, sisudo. ― Foi só um pássaro.

Simon riu mais uma vez.

― Eu sei que a subida é chata, mas você vai ver. Vai valer a pena.

E ele estava certo.