Peter não queria que seu amigo soubesse que ele estava com
medo de andar no escuro, então caminhou na frente. Já havia aprendido que
garotos mais velhos não tinham medo (até dormiam com a luz apagada). E ele não
era mais uma criança.
A colina era uma subida breve, mas à noite parecia uma
tarefa hercúlea. Seus pequenos pulmões queimavam com o esforço de tentar
sobrepor a velocidade das longas passadas de Simon, com cinco anos de vantagem
nos músculos. Peter quase tinha que correr. Podia ouvir a respiração do amigo
logo atrás de si, exalando excitação a cada metro percorrido.
Algo fez barulho na mata, arrancando um abafado grito de
susto de Peter, seguido de uma risada de Simon. Aquilo o deixou extremamente
irritado.
― Tem certeza que não quer voltar Pete? ― Disse o amigo em
tom de deboche.
― Não! ―Respondeu o pequeno, sisudo. ― Foi só um pássaro.
Simon riu mais uma vez.
― Eu sei que a subida é chata, mas você vai ver. Vai valer a
pena.
E ele estava certo.